sábado, 25 de agosto de 2012

Refeição requintada... Eu amo!


Final de semana e depois de passar a semana inteira torrando os miolos com cardápios decentes e práticos (Vocês não têm noção de como isso é difícil...). Lembrei dos meus cadernos de receitas. Ah, hoje é sábado, todo apoio moral é bem vindo, né...
Peguei um... Matutando: Esse é o da minha mãe, passado a limpo. Tudo aqui é delicioso, mas dá um trabalho que só. Olhadinha pros lados... Disfarça e, pega o próximo.
Segundo caderno na mão (Não! Não tô lendo o Globo, ainda tô nas receitas!): Esse eu montei, ( Garota esperta! Orgulho de mim) Só com receitinhas bonitas de olhar, fáceis de preparar e que alimentam de verdade... Desfolhando... Eis que encontro um rabisco. 
Vou postar o que encontrei só pelo carinho, depois do meu achado, comecei a desfolhar todos os outros cadernos...

"A Solidão
É um prato tão variado 
Que em cada um que ela chega
Deixa um sabor diferente.
Em alguns,
Ela só enfraquece,
Em outros ela entontece
Mas na maioria, a mesma mata.
Eu vivo só há muitos anos
E a cada dia que passa
Vou enlouquecendo mais.
Mas, tenho fé em Deus,
Que sozinho não morro mais.
A quem isso possa interessar:
A solidão não é uma doença,
É simplesmente uma questão de tempo.
Procure amar a você mesmo
Que sozinho não viverei mais."

(Jorge Pimenta Marques - 26/08/1996.)


Foi a ultima vez que vi meu pai, em vida. Morava fora e ele foi nos visitar, nem de longe lembrava o pai da minha infância, estava visivelmente cansado, abatido, adoecido, mas tinha um brilho nos olhos e, vale comentar, que olhos lindos! Quando brinco dizendo que "ele saiu da festa mais cedo", me refiro ao seu desencarne, no dia 24 de dezembro, na manhã do mesmo ano.
Penso que ele sabia que algum dia, mais cedo ou mais tarde, eu precisaria de um desses cadernos (risos).
Nada de  melodrama ou nostalgia ruim, tive uma infância maravilhosa e conservo ótimas lembranças dele. Well, eu queria um apoio moral não é? As I Said: JC não brinca! ;)

Ah, o almoço? Comemos cachorro quente, feitos a 8 mãos \0/\0/\0/\0/


segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Momento "Emilia baixou"...


Abacateiro acataremos teu ato
Nós também somos do mato como o pato e o leão
Aguardaremos brincaremos no regato
Até que nos tragam frutos teu amor, teu coração
Abacateiro teu recolhimento é justamente
O significado da palavra temporão
Enquanto o tempo não trouxer teu abacate
Amanhecerá tomate e anoitecerá mamão
Abacateiro sabes ao que estou me referindo
Porque todo tamarindo tem o seu agosto azedo
Cedo, antes que o janeiro doce manga venha ser também
Abacateiro serás meu parceiro solitário
Nesse itinerário da leveza pelo ar
Abacateiro saiba que na refazenda
Tu me ensina a fazer renda que eu te ensino a namorar
Refazendo tudo
Refazenda
Refazenda toda
Guariroba

Refazenda - Gilberto Gil  (Quer ouvir? Aqui.)




Não sei explicar o que se passa com Tico e Teco (sim, meus neurônios identificados), mas o foco se foi com a melodia. Essa música (assim como algumas outras que carrego comigo e ouço sempre) 'me tira de mim'. Me faz tentar imaginar outras épocas, outros momentos, lugares e situações em que eu gostaria de ter passado, vivido... 

Intrigada. O próprio Gil certa vez falou que ela não faz referencia a nada, que é um jogo de palavras, rimas, que deu certo. 
Ora... No ano de 1975, tantas mudanças ainda tão recentes. 
Quem ouve essa música e não viaja nas mensagens que ela pode ter passado (Na verdade, passa, né...)? Na questão contextual, no que diz respeito a espera, a paciência, alguns trocadilhos usados para evitar a censura. Assim: Abacateiro acataremos teu ato, a meu ver, por ser verde o abacate representaria uma espera pelos atos e acontecimentos promovidos pelos militares, mas na esperança, sempre na esperança de um alerta, uma mudança.
Ou simplesmente um jogo de palavras e ideias muito bem feito... (Como se estivéssemos sob a sombra de um abacateiro, simples humaninhos, apenas a espera, tendo que nos submeter as arbitrariedades de um poder ditatório e inaceitável). Ok, ok.
Mensagem pra Chico? Referencia aos milicos e a questão vivida? Apenas uma canção em torno da lendária fazenda Guariroba? Uma rima que deu mais do que certo?... Fato é que... Que não consigo simplesmente ouvi-la. Viagem ou não, fica a ideia de mudança, de força, paciência, tempo... Ai é com você.